Um copo de cachaça com açúcar
Um dia, fui abandonada. Não aquela deserção de pai e mãe que nos deixa órfãos. A ausência inesperada — mesmo por tempo determinado —, dói. Faz-nos tiritar. De saudade. … Ler mais
Um dia, fui abandonada. Não aquela deserção de pai e mãe que nos deixa órfãos. A ausência inesperada — mesmo por tempo determinado —, dói. Faz-nos tiritar. De saudade. … Ler mais
Tem nas pernas alfinetes É de linha o caracol Preenchida de farrapos Roupa feita de lençol Sabe que é feita de trapos A menina do Farol. Texto Vencedor
Há determinados rituais humanos desconcertantes. Lavar o carro ao fim de semana quando o mundo decide entrar nessa sintonia bizarra é um deles.… Ler mais
«Falta-te o fôlego quando te assomas. No reflexo gelado da vitrina dos iogurtes, vislumbras a imagem, desfocada, daquela que outrora amaste. Caminhas descompassado enquanto a bela morena enfia a cabeça no balcão do talho adivinhando a tua respiração ofegante. Continuas … Ler mais
A luz era forte. Ofuscante. Chamava-me. Segui-a. Conforme avançava, mais intensa era. Senti-me banhada por ela, protegida. Passava por um corredor estreito, ladeado de cristais brancos, verdes, azuis e rosa. A vibração era indescritível: tanta paz. Cheguei a uma porta. … Ler mais
Caminho leve entre campas quase sem deixar pegadas. Cemitérios não são lugares onde queiramos deixar marcas.… Ler mais
A chávena rolou pela mesa. Os bagos de arroz a pousar no chão lembram-me os dias em que a neve crepitava nas mãos sujas da terra. Aguardo o leite para preparar a sobremesa para a consoada. O segredo é a … Ler mais
Tudo passa. A vida continua. Não quer dizer que fiquemos como dantes. Diria que é como perder um braço. Como se nos cortassem um braço. Não, cortassem não. Cortar é muito limpo, muito cirúrgico. Como se nos arrancassem um braço. … Ler mais
Os poemas são sementes de esperança feitas de vontade, fazem eco, apertam-nos a garganta. A verdadeira poesia é intemporal, lê-se em nós.… Ler mais
Deitou a cabeça de foraDa janela do comboioDeitou o chapéuNo chão do comboioE acenouCom a cabeça de foraDa janela do comboio.Um apito forteAnunciouA partidaO comboio afastou-se.Ficou a acenarSem dizer palavraCom lágrimas nos olhos molhandoA janela do comboioVendo vultos ao longeA … Ler mais