2642

Sigo pelo corredor. O meu polegar vai abrindo diferentes portas até chegar ao laboratório. O nome oficial é ClínicaCib. É aqui que te estás a tratar. Desde 2638, tudo se concentrou neste complexo. As novas leis retiraram-te os direitos, os ciborgues passaram a ser coisas, equiparados aos robôs. Catalogados apenas como máquinas, inferiores a nós, humanos.

Verifico sempre as listas até aparecer a tua identificação. Sou a médica escalada, por isso não existem obstáculos.

Atravesso o espaço das investigações e sigo para a sala de tratamentos. Aguardas-me na
marquesa. Nu e ligado. Faço os exames prévios e levo-te para o tanque, utilizado para estudos complementares, que fica numa sala sem câmaras. A sós, a escassez destes momentos impõe-nos uma cadência acelerada. A minha bata é rapidamente descartada, debaixo dela o teu pedido.

Sorris e beijas-me. Dois corpos, estimados no seu enrolar frenético, dizem o que as palavras não podem suportar. Fico com os sentidos subjugados. A tua língua domina-me, sincrónica com as mãos que desapertam o meu biquíni. Enquanto me beliscas os mamilos, os teus lábios percorrem-me o pescoço até sentir-te os dentes na junção com a clavícula. Sinto-me latejar na vulva. Baixas a cabeça e tomas-me um seio na boca. Arqueio. Deslizo as unhas nas tuas laterais e mordiscas-me o mamilo.

Desvias-me as cuecas com a mão direita e afastas-me a coxa, abrindo-me mais. Os meus dedos sobem pelas tuas costas e agarro-me aos teus ombros, ao mesmo tempo que me penetras com urgência, fazendo-me gemer. Os movimentos são fluidos e rápidos, a intensidade crescente. Movo a pélvis ao teu encontro, também esfomeada. Perdemo-nos nesta dança, o ritmo dado pelo som da nossa pele e dos gritos de prazer, os teus dedos apertam-me o clitóris, a nossa explosão diluída pela água.

Trimm. É o alarme.

Acabou o nosso tempo.

 

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Carla Carmona

Texto Vencedor

Do cautela ao pouquinho

O meu avô era um homem que dizia «cautela» sempre que queria proteger alguém. «Cautela que cais», «cautela que está quente», «cautela que te cortas». Juntou tantos anos quantos aqueles que a cautela lhe permitiu. Verdade! Sem cautela não arrecadaria tanto tempo nos ossos. Sabia que o tempo apodrece, mas sem a dita cautela empobrece.

Era jardineiro e dotado para harmonizar o mundo com as tonalidades das flores que plantava. Margaridas, gerberas, estrelícias. Por vezes, finalizava com uns quantos girassóis.

Algumas pessoas são excelentes escritores, carpinteiros, até mesmo calceteiros. O meu avô era o poeta das flores, sabia identificar o lugar perfeito para qualquer uma; como um poeta o faz com as palavras.

Um dia, salvou um caracol do meio da estrada de terra batida. Eu, que caminhava com as minhas sandálias de tiras e os pés encardidos da animação, por pouco não o pisei. O meu avô levou-o para lá dos caniços. Perguntei-lhe o porquê de tal gesto. Assustou-me com uma conversa qualquer de que a vida não é eterna e que quando fazemos contas resta-nos pouquinho tempo para as boas ações.

Os anos passaram.

A «cautela» foi substituída pelo «pouquinho». «Pouquinho sal na comida», «um pouquinho cansado», «um pouquinho mais devagar, o avô já não corre como tu!». Entristeci, porque a «cautela» mostrava a preocupação dele por mim e o «pouquinho» a minha preocupação por ele.

No verão de 1991, a jarra na cómoda não vertia tulipas. O meu avô deixou de zelar pelos jardins. Lá fora, o ar permanecia perfumado pelas flores, pela terra, mas sem o salgado da pele dele. Numa tarde, o meu avô levou a cautela e o pouquinho deitados com ele numa maca. Enquanto esfregava os olhos contra a humidade, ouvi a minha mãe dizer-lhe: «Ó pai, aguente mais um pouquinho». Foi quando soube que a cautela ia morrer.

O meu avô era um homem que dizia cautela sempre que queria proteger alguém. Cautela que cais, cautela que está quente, cautela que te cortas. Juntou tantos anos quantos aqueles que a cautela lhe permitiu. Verdade! Sem cautela não arrecadaria tanto tempo nos ossos. Sabia que o tempo apodrece, mas sem a dita cautela empobrece.

Era jardineiro e dotado para as tonalidades das flores que plantava. Margaridas, gerberas, estrelícias. Havia vezes que finalizava com uns quantos girassóis.

Há pessoas que são excelentes escritores, carpinteiros, até mesmo calceteiros. O meu avô era o poeta das flores, sabia identificar o lugar perfeito para qualquer uma; como um poeta faz com as palavras.

Um dia salvou um caracol do meio da estrada de terra batida. Eu, que caminhava com as minhas sandálias de tiras e os pés encardidos da animação, por pouco não o pisei. O meu avô levou-o para lá dos caniços. Perguntei-lhe o porquê de tal gesto. Assustou-me com uma conversa qualquer de que a vida não é eterna e quando fazemos contas resta-nos pouquinho tempo para termos boas ações.

Os anos passaram.

O cautela foi substituído pelo pouquinho. Pouquinho sal na comida, um pouquinho cansado, um pouquinho mais devagar, o avô já não corre como tu! Entristeci, porque o cautela mostrava a preocupação dele por mim e o pouquinho a minha preocupação por ele.

No verão de 1981, as jarras na cómoda vertiam tulipas. O meu avô, deixou de zelar pelos jardins. Lá fora, o ar perfumado das flores, da terra e do salgado da pele dele permanecia. Numa tarde, o meu avô levou o cautela e o pouquinho deitados com ele numa maca. Enquanto esfregava os olhos contra a humidade, ouvi a minha mãe dizer-lhe «Oh pai, aguente mais um pouquinho». Foi quando soube que o Cautela ia morrer.

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Claudia Passarinho

Texto Vencedor

O bom fascista preocupa-se com a literacia do povo

O BOM FASCISTA É… Tendo como mote o livro «Manual do Bom Fascita» de Rui Zink, o desafio foi partindo da observação da realidade atual criar um texto satírico humorístico dentro desta temática tão séria.

Ali mesmo, na taberna, templo do conhecimento popular. Escolhe o homem mais franzino, que costuma fazer-se acompanhar pela mulher.

Chama-o à parte.

Informa-o de que o vinho que lhes serviram é traçado. Diz, também, que é melhor que a mulher deixe de o acompanhar, pois é seu dever protegê-la destas incúrias. Ela que se entretenha em casa, que fale pouco e que leia ainda menos. As mulheres são péssimas influências e os livros são ainda piores do que as mulheres.

Um segundo franzino é chamado para comprovar a má qualidade do vinho que ambos bebem. Aos matulões é que servem vinho de garrafa, explica-lhes. Eles que acreditem na sua palavra, homem engravatado jamais mentiria, garante-lhes.

A mulher do primeiro franzino aproxima-se. O bom fascista, sorridente, incentiva-o a aplicar o que aprendeu: sabes o que tens a fazer.

O franzino manda-a para casa. Ela, empertigada, pergunta: para casa fazer o quê? O pobrezinho detém-se o inquire o bom fascista com o olhar. Este responde por ele: vá apanhar a roupa. Ela, surpreendida, arregala os olhos. A mulher do segundo franzino intervém, em defesa da primeira.

Com regozijo, o bom fascista afaga os ombros dos dois e sussurra-lhes: péssimas influências umas para as outras… e já sabem… livros, então, é para acabar.

Observa-os, enquanto acaba o seu copo de aguardente velha. Uma satisfação vê-los seguir e, cada um em seu canto, transmitir a sabedoria aos restantes franzinos.

Amanhã voltará. Irá instruí-los sobre os lambões dos deficientes que recebem subsídios para não fazer nada à conta dos impostos dos que trabalham.

Levanta-se e sai. Leva as pontas dos dedos à frente do nariz e faz um esgar de náusea. Precisa de um banho de água de malvas. Este cheiro a proletariado perturba-lhe o descanso.

Laura Santos

Texto Vencedor

O bom fascista deve ser daltónico

O BOM FASCISTA É… Tendo como mote o livro «Manual do Bom Fascita» de Rui Zink, o desafio foi partindo da observação da realidade atual criar um texto satírico humorístico dentro desta temática tão séria.

Não é que seja racista, mas convém que as cores que enxerga sejam todas, menos o vermelho.

No entanto, fica feliz quando o verde se transforma em vermelho, pois tem ali à mão um adversário. E como aquela cor predomina à sua volta, vê adversários em todo o lado, o que lhe dá imenso que fazer.

No entanto, depende muito do foco e o seu é erradicar o vermelho, o que vem muito a calhar o daltonismo. Vê o mundo cinza, mas depende da pigmentação do objetivo focado.

O preto serve-lhe na roupa mas não na pele. Não é bem-visto, faz-lhe lembrar povos incultos e selvagens sem direitos alguns. Como é possível pensarem que é racista, se ele próprio é judeu, mas não quer que se saiba!

O culto religioso tem cores brancas, púrpuras e douradas que ele preza, mas tem de estar em sintonia com o seu lema: “ou está comigo, ou está contra mim” e por extensão contra a pátria.

A sua cor preferida é o azul e branco, da sua bandeira. Sempre presente, em casa e no trabalho. Quanto à família ela é monocromática, só a sua cor deve sobressair.


Deus, pátria, família é o slogan a seguir.

Maria Gaio

Texto Vencedor

O bom fascista não desgosta de poetas

O BOM FASCISTA É… Tendo como mote o livro «Manual do Bom Fascita» de Rui Zink, o desafio foi partindo da observação da realidade atual criar um texto satírico humorístico dentro desta temática tão séria.

Aprova os poetas, desde que saibam o seu lugar.

Como em tudo na vida, à vontade não é à vontadinha.

Um poeta não pode ser qualquer um. Íamos, agora, ter comuns gatos-pingados a escrever poesia, não? Há que impor a ordem também nas letras.

A poesia é uma coisa séria. Coisa para gente grande. Então não tivemos poetas importantes, no “tempo da outra senhora”, como diz esta canalha? Olhem o Camões. Escreveu uns versos tão porreiros sobre a pátria e sem se rebelar contra o regime do Senhor Professor. A ver se não vendeu uma data de livrinhos. Ninguém percebe o que lá está escrito, mas foi o regime que o ajudou e até lhe deu uma pensãozita.

Portanto, o bom fascista até gosta de poetas.

Se não forem mulheres, armadas ao pingarelho, a falarem de sexo, que isto, agora, é ver umas serigaitas por aí a quererem escrever coisas eróticas, como elas dizem. Lambisgoias a porem-se a jeito, a pedi-las. Antigamente, estavam matriculadas, agora escrevem poesia.

Também não podem ser esses larilas, que, agora, se chamam homos e trans e binários e têm p’ra lá uma sigla. Um L qualquer coisa. Uma cambada de maricas a quererem aparecer e ter os mesmos direitos da gente normal.

Por cá, poetas, só portugueses, que também andam aí uns brasileiros, uns árabes e uns pretos que deviam ir p’ra terra deles. Os pretos que joguem futebol, que chega muito bem e os brasileiros que façam telenovelas. Dos árabes é fugir com quantos pés se tenha.

O bom fascista gosta do bom poeta. Aquele que conhece o seu lugar, que glorifica a Pátria, Deus e a Família, que o respeitinho é muito lindo e isto da poesia é só para gente grande.

Ana Paula Campos

Texto Vencedor

O bom fascista não teme julgamentos

O BOM FASCISTA É… Tendo como mote o livro «Manual do Bom Fascita» de Rui Zink, o desafio foi partindo da observação da realidade atual criar um texto satírico humorístico dentro desta temática tão séria.

O bom fascista não teme julgamentos. Toda sua ação assenta nas bases sólidas do que está certo.

Certo é estar ao lado dos fascistas. Certo é não permitir a diversidade. Certo é não autorizar a liberdade ou libertinagem, como gosta de dizer. Certo é silenciar os pensadores, os artistas e amantes do progresso, agentes perigosos de agitação e de contágio coletivo. Certo é amordaçar as opiniões anti-fascistas perversas.

Tão perversas como o vermelho que incendeia a cólera dos ateus que comem criancinhas logo ao pequeno-almoço. Cruzes credo! Valha-nos Deus, Nosso Senhor!

O bom fascista é justo, reto e cumpridor das leis. Não olha para os lados. Segue sempre em frente. Atrás do chefe é que é o caminho. Viva o chefe! Só é punido quem não o segue. O bom fascista não comete crimes, não tortura, nem compactua com a violência. O bom fascista não teme, não pensa, não questiona e não volta atrás porque apenas executa ordens.

Ana Paula Miranda

Texto Vencedor

O bom fascista faz um bom casamento

O BOM FASCISTA É… Tendo como mote o livro «Manual do Bom Fascita» de Rui Zink, o desafio foi partindo da observação da realidade atual criar um texto satírico humorístico dentro desta temática tão séria.

Procura-se um bom fascista para uma relação radical.

Apetece-me viver uma experiência diferente, algo por mim não antes experimentado, a ver quanto aguento. Há quem caminhe sobre pedras quentes, há quem mergulhe no gelo, cada um arrisca-se a queimar-se como bem entende.

Não quero um fascista qualquer, um fascista falsificado, quero um by the book, que é como quem diz, um fascista à séria, para uma experiência 100% realista.

Que seja um homem… hein? Por que não há de ser uma mulher? Boa pergunta, sendo eu mulher, em sexo e em género, se estou a imaginar uma experiência matrimonial em contexto de bom fascismo, prevejo que o sistema a vigorar seja homem-mulher, Adão e Eva, pelo menos à luz do dia e dos olhos alheios, nas trevas da noite e adentro de portas, logo se verá o que pode acontecer.

Retomando o meu anúncio…

Que seja um homem de ideias ultrapassadas, nada como um retrocesso para melhor sentir e compreender o que uns impunham e o que outros suportavam e o que sonhavam conquistar, homens e mulheres de outros tempos.

Prometo que, sob as asas deste bom fascista, serei uma dócil criatura, esposa caseira, rezadeira, trabalhadeira, limpadeira, lavadeira, engomadeira, arrumadeira, cozinheira, biscoiteira, costureira, bordadeira, crocheteira, jardineira, parideira… e é nesta altura que este cenário me provoca coceira ou tremedeira, estou indecisa, porque é de facto uma baboseira ou uma asneira, nem sei bem o que diga, ainda a experiência não começou e já estou um pouco a sentir-me sem eira nem beira.

Afinal, vou caminhar em pedras quentes ou mergulhar no gelo.

Ana Candeias

Texto Vencedor

Mariana

Mariana,

maga materna, molda mimosos meninos,

em voos vazios, corre em vestes de vento,

não há tempo para o leite.

O relógio, canta a urgência da vida,

confiados à vizinha, que à escola os há de levar,

nas asas do amanhecer,

sonhos desabrocham, prontos a voar.

Mariana,

febril, ruma ao barco apressada,

o relógio, feito mar revolto, a espera,

não há tempo para olhar o espelho.

Escritórios são mares a limpar, às oito, as portas abrem,

e o sol adormecido,

entre nuvens de papel, danças raras a segredar.

Mariana,

navegadora do destino incerto,

na porta da escola, os sorrisos são gaivotas,

os abraços, portos seguros de cansaço,

não há tempo para amar.

Em silêncio, tece amores nas dobras do tempo,

resiliente, ecoa a melodia do vento, em versos a entoar.

Mariana,

retorna ao lar, num oceano de cansaço,

desperta o marido ainda adormecido,

um sapato voa como andorinha na alvorada,

não há tempo para fugir.

Um rio de sangue desliza pelas rugas da tristeza:

— Não chorem, meninos, é só o pai a brincar!

Mariana, mulher, poesia serena da vida.

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Maria Bruno Esteves

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Conversa entre amigos

A Maria e o novo amigo alienígena Alberto estão a arranjar a nave ultrassónica que há uma semana aterrou de emergência na ventosa Aldeia do Vento, no planeta Terra.

— Terminei agora!

— A Maria tem jeito para a mecânica cósmica.

— Não sobraram peças …

— Tenho de fazer algo e rapidinho. A 111-RTX está capaz de descolar.

— Falta apenas compor o exterior da nave… Onde estarão as portas?

— Boa! Sem portas não posso partir! Sem portas não há adeus!

— Só vejo pilhas de tralha ao meu redor.

— Ficarei nesta aldeia 12 meses galácticos.

— Como se eu tivesse capacidades divinatórias…

— Por mil Girabolexes, Maria, estás a ficar roxa!

— Roxo ficas tu quando eu te apanhar!

— Que linda brincadeira, Maria: um alienígena a fugir de uma criança terráquea!

— Eu dou-te a brincadeira! Fica sabendo que o teu verde está a empalidecer e as tuas antenas a cair.

— Está a esgotar-se o meu tempo na Terra…mas eu não quero ir embora!

— Mas tu és um adulto, não fazes birras. E podes visitar a Aldeia do Vento sempre que quiseres. Com a força das tuas antenas, nunca voarás.

— Poderia viver aqui, numa das casas desabitadas…não sou de luxos.

— Alberto, nem luxos, nem lixos. A tua família espera-te!

— Bzz. Zyrx. Ai!

— Então, Alberto?

— Este é o som da inevitabilidade… É o som da minha morte! — responde Alberto, recordando Leo no filme Matrix, rodado em Girabolas, o seu planeta.

— Calma, Alberto! És muito pessimista. Vamos acabar o arranjo da tua nave. Onde estão as portas que escondeste? — quis saber a Maria, angustiada por ver a estranha fraqueza do amigo. Alberto indicou-lhe o lugar, envergonhado como uma criança apanhada em flagrante delito.

— Ajuda aqui. Encontrei-as, mas são demasiado pesadas para mim.

Alberto fez um derradeiro esforço, dirigindo um raio de luz das portas para a nave.

— Boa, querido amigo! Agora temos que te pôr lá dentro e programar a viagem para que não te percas no espaço cósmico. Vamos! Só mais uma magia!

Alberto sabia que não havia solução, tinha ido longe demais e o espaço não se encontrava a seu favor. Estava no meio do caminho, num intermédio frágil entre a vida e um longo sono.

— Mas, o que é aquilo? — perguntou a Maria ao ver uma bola de luz roxa e branca aproximar-se da Terra — Parece…outra nave espacial?! Alberto, acho que vem ajudar-te… — e uma manga de luz apanhou o alienígena, teletransportando-o para o seu interior.

— Boa viagem, querido amigo, boa viagem! — disse a Maria, acenando sem saber muito bem se havia de se sentir feliz ou triste e era uma lágrima frágil a que o vento roubava do seu rosto de criança.

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Andreia Galhardo

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Árvore de Natal

No centro da praça mais antiga da vila, uma árvore tomara a forma de um gigantesco guardião do Natal. Enquanto muitos admiravam as suas luzes cintilantes, Paulo notou uma sombra projetada por ela, apontando para norte. Parecia mágica, movia-se! Seria ele apenas a vê-la? Seguiu-a.

Passou por casas iluminadas e prendas flutuando com as pessoas que enchiam as ruas. Cores mornas e aveludadas enchiam-lhe os sentidos. Seria isso o espírito do Natal? A sombra virou uma esquina. Seguiu-a.

Viu sem-abrigo tiritando de frio, um cão faminto. Ouviu o choro de uma criança. Sentiu uma tristeza cortante. Então, algo peculiar aconteceu. A sombra desapareceu e chegou um grupo de pessoas. Entoavam cânticos de Natal. Uns aproximaram-se dos sem-abrigo; outros bateram às portas, oferecendo o calor das suas palavras e a bênção da sua ajuda.

Paulo sentiu que a magia 𝗱𝗮 á𝗿𝘃𝗼𝗿𝗲 𝗳𝗼𝗿𝗮 𝗮𝗳𝗶𝗻𝗮𝗹 𝘂𝗺𝗮 𝘀𝗼𝗺𝗯𝗿𝗮 𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 o genuíno espírito do Natal.

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Teresa Dangerfield

Texto Vencedor
CLUBE DOS WRITERS

Estes são os textos vencedores do desafio de escrita mensal do CLUBE DOS WRITERS.

DESAFIO DE ESCRITA

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