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Sigo pelo corredor. O meu polegar vai abrindo diferentes portas até chegar ao laboratório. O nome oficial é ClínicaCib. É aqui que te estás a tratar. Desde 2638, tudo se concentrou neste complexo. As novas leis retiraram-te os direitos, os ciborgues passaram a ser coisas, equiparados aos robôs. Catalogados apenas como máquinas, inferiores a nós, humanos.
Verifico sempre as listas até aparecer a tua identificação. Sou a médica escalada, por isso não existem obstáculos.
Atravesso o espaço das investigações e sigo para a sala de tratamentos. Aguardas-me na
marquesa. Nu e ligado. Faço os exames prévios e levo-te para o tanque, utilizado para estudos complementares, que fica numa sala sem câmaras. A sós, a escassez destes momentos impõe-nos uma cadência acelerada. A minha bata é rapidamente descartada, debaixo dela o teu pedido.
Sorris e beijas-me. Dois corpos, estimados no seu enrolar frenético, dizem o que as palavras não podem suportar. Fico com os sentidos subjugados. A tua língua domina-me, sincrónica com as mãos que desapertam o meu biquíni. Enquanto me beliscas os mamilos, os teus lábios percorrem-me o pescoço até sentir-te os dentes na junção com a clavícula. Sinto-me latejar na vulva. Baixas a cabeça e tomas-me um seio na boca. Arqueio. Deslizo as unhas nas tuas laterais e mordiscas-me o mamilo.
Desvias-me as cuecas com a mão direita e afastas-me a coxa, abrindo-me mais. Os meus dedos sobem pelas tuas costas e agarro-me aos teus ombros, ao mesmo tempo que me penetras com urgência, fazendo-me gemer. Os movimentos são fluidos e rápidos, a intensidade crescente. Movo a pélvis ao teu encontro, também esfomeada. Perdemo-nos nesta dança, o ritmo dado pelo som da nossa pele e dos gritos de prazer, os teus dedos apertam-me o clitóris, a nossa explosão diluída pela água.
Trimm. É o alarme.
Acabou o nosso tempo.
Carla Carmona
- agosto 2024