O menino não era estranho, e, por um desígnio divino, fora-me destinado trazê-lo ao mundo. Eu, Maria, mãe de primeira viagem, era a escolhida. Agradeci a dádiva por aquele ser que transformaria a minha vida e a de todo o mundo, segundo a profecia. Para uns, era o Messias; para outros, simplesmente mais um. José acolheu-o de braços abertos e aceitou-o como filho, sabendo, no entanto, estar ao serviço de um Deus que, até então, nunca se manifestara.
Questionei-me sobre a justeza deste Deus que se serviria de nós, mas fiquei rendida àquela criatura tão promissora. Carregava consigo o peso de toda a humanidade. Vê-lo ali despido de toda e qualquer mundanidade fez-me pensar que, todos os dias, em algum lugar do mundo, o presépio está vivo, pois cada nascimento é Natal a acontecer e traz consigo a esperança num mundo melhor.
O meu menino não era estranho, mas era diferente!

Maria Gaio
- dezembro 2023