Até estás mais bonito, Rogério. Vês as maravilhas que fazem uns dias sem pegar num cigarro? Parece que voltaste a ter aquela pele de bebé. E já não tresandas a cerveja. Quando foi a última vez que abraçaste um gargalo? Eu dizia-te que era o álcool. Os gritos, os murros. Era tudo o álcool. Vês como tudo isso parou? Porque aquele não eras tu. Agora, sim. Agora lembras-me o moço calado e tímido por quem me apaixonei há tantos anos. Era capaz de me voltar a apaixonar por ti, Rogério. Era, pois. É pena ser hora de fechar o caixão.

Nuno Gonçalves
Texto Vencedor
- Setembro 2023