A luz era forte. Ofuscante. Chamava-me. Segui-a. Conforme avançava, mais intensa era. Senti-me banhada por ela, protegida. Passava por um corredor estreito, ladeado de cristais brancos, verdes, azuis e rosa. A vibração era indescritível: tanta paz. Cheguei a uma porta. Abri-a. A luz quedou-se, como se não quisesse continuar. Seria um aviso? Sem pensar, peguei num cristal que vi no chão. Acendeu-se-me na mão, qual lanterna. Continuei a caminhar. Notei que o cristal projetava nas paredes, que lembravam o mar, e no teto, que parecia o céu, formas semelhantes a setas, algumas em direções opostas. Cada vez que dava um só passo, apareciam mais caminhos. Pousei o cristal no chão. Começou a girar, até apontar para onde o encontrara. Estaria a dizer-me para voltar para trás? Não quis ceder, cheia de valentia. Segui em frente. Sem o cristal, a luz diminuía a olhos vistos. Dei comigo na escuridão a tatear as paredes, que me faziam escorregar as mãos como se as envolvessem em ondas. Cheguei junto ao que sentia ser uma porta. Abri-a, sem esforço. Estaria a sonhar? Voltara ao lugar de partida. A mesma luz. Afinal, deveria ter escolhido outro caminho? Talvez não fosse mesmo possível, quem sabe…