Li há algum tempo uma publicação nas redes sociais sobre Jennifer Lopez, celebridade que andou nas bocas do mundo por render-se ao amor com Ben Affleck, quase vinte anos após se terem separado.
Jennifer Lopez é quatro anos mais velha do que Ben Affleck. Nenhum problema. Aliás, nenhum problema com a existência que Jennifer Lopez deixa transparecer.
Nós, mulheres reais podemos retirar lições da vida desta mulher, também real à sua escala.
Jennifer Lopez utiliza o que o dinheiro pode comprar para potenciar a melhor versão de si. Às más bocas — as da inveja —, é uma mulher que vive para a imagem exterior, na busca incessante da eterna juventude, sem tempo para estar com o filho. Cada profissão tem as suas exigências, e provavelmente, quando está com o filho, Jennifer Lopez está mesmo, usufruindo de «tempo de qualidade», longe dos telemóveis ou tablets, algo que muitos não conseguem fazer.
Jennifer Lopez tem aos cinquenta e dois anos, menos rugas do que quando tinha trinta anos. Pois é: a medicina estética possibilita este milagre. Mas, não será a força da sua aparência exterior também reflexo de uma mulher decidida, madura e segura de si? Uma questão de atitude, autoestima?
Há algum tempo assisti a um filme intitulado «Sexy por acidente», que retrata a vida de Renee Bennett, uma nova-iorquina que se vê ao espelho e não se acha atraente ou interessante. Um dia, tem um acidente no ginásio e perde a consciência. Quando desperta, apesar de a sua aparência não ter mudado, vê-se ao espelho como a mulher que sempre quis ser, e transforma-se numa mulher confiante e carismática. Com a mudança de atitude consegue o seu emprego de sonho, um namorado e até se inscreve num concurso de biquínis. Depois, apercebe-se que nunca deixou de ser quem era por fora e que a verdadeira autoestima sempre vem de dentro.
Quantas de nós enxergamos o nosso verdadeiro potencial? A sociedade não nos ensina a nos amarmos e a autoestima constrói-se em cada dia. Estas são verdades que a idade traz. Quanto mais rápido tiver esta consciência, mais cedo sentir-se-á feliz.
Envelhecer faz parte do processo. E se for possível fazê-lo em beleza? Porque não? Ir ao ginásio, ter uma alimentação regrada, cultivar diversos interesses, sempre. Cuidar do exterior e interior; mente sã, corpo são, espírito livre, flexível. Algo ao alcance de todas nós. Basta que se torne prioritário.
Jennifer Lopez corre com os lobos e nós podemos (e devemos!) fazer o mesmo.
Sejamos a Jennifer Lopez da nossa pista de dança privada. Delegue tarefas (não se perca nas pilhas de roupa para passar, casa para limpar, filhos para tratar, refeições para preparar). Se os companheiros não colaboram, a culpa, em parte, é nossa. Constatação dura. Por vezes, acomodamo-nos ao «eu faço melhor, faço mais rápido, não fica à minha vontade», e quando nos apercebemos, temos o elefante da gestão do lar em cima.
Antes de se lamentar, pergunte: o que é que eu posso fazer para mudar o que me incomoda?
Para quem vive acompanhada, na maioria das vezes, uma boa conversa, a definição de um plano de tarefas a dois, poderá fazer milagres. A comunicação é o grande segredo: se não disser o que a incomoda, o que gostaria de mudar na sua vida pessoal ou profissional, tenha uma certeza: ninguém irá adivinhar.
O que gostaria de fazer pelo seu corpo, pela sua autoestima? Perder peso? Precisa de caminhar? Ir ao ginásio? Ler com frequência? Escrever todos os dias? Pare de arranjar desculpas: não tenho tempo, não tenho dinheiro, não consigo… Entre em ação.
Tudo é uma questão de prioridade. Até que ponto, o que deseja é essencial para a sua felicidade? É que se for mesmo, mesmo importante, existe dentro de si a força, a audácia, o ímpeto capaz de a fazer acordar às seis e meia de manhã e iniciar o dia com vinte flexões, ler trinta páginas de um livro, escrever dez páginas, preparar o pequeno-almoço das crianças e sair de casa de saltos altos.
Ah! Isso é só para as «Jennifer Lopez deste mundo», dir-me-á… A resposta é: não. Durante vinte anos, tive o objetivo de me levantar da cama e treinar. Quando isso se tornou fundamental (por questões psicológicas e físicas), a magia aconteceu. Agora, às oito da manhã estou no ginásio, depois de já ter lido pelo menos trinta páginas do meu romance do mês… Todas as semanas procuro superar-me um pouco mais.
Gostaria de viajar com regularidade, fazer um programa de rejuvenescimento? Procure poupar um pouco todos os meses até conseguir amealhar o suficiente. Deseja encontrar o Amor, deixar uma relação que não a preenche? Entre em ação.
Demore o tempo que for necessário, aceite a total responsabilidade das suas decisões, mas não coloque teto nos seus sonhos. Corra veloz com os lobos.
«A vida é muito curta para ser pequena.»
– Benjamin Disraeli
____________________________________________________
UMA SUGESTÃO LITERÁRIA PARA SI
Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estes
SINOPSE
Existe no interior de cada mulher uma força poderosa, feita de bons instintos, de uma criatividade apaixonada e de um conhecimento imemorial. É a Mulher Selvagem, a representação da natureza instintiva da mulher. Ainda assim, uma espécie em extinção. Neste Mulheres Que Correm com os Lobos, a Doutora Estés revela lendas, contos populares e histórias inter-culturais de grande riqueza, a maioria originária na sua própria família, de modo a ajudar as mulheres a restabelecerem os elos com os atributos visionários, saudáveis e selvagens da sua natureza instintiva. Através das histórias e narrativas contidas neste livro notável, recuperamos, apreciamos, amamos e compreendemos a Mulher Selvagem, conservando-a na profundeza das suas psiques enquanto ser mágico e paliativo
Texto original partilhado no Repórter Sombra